Tragédia no RS reduz previsão de crescimento da economia brasileira, diz FMI

PROJEÇÃO

Projeção para crescimento do PIB do Brasil para 2024 caiu a 2,1%. Fundo prevê inflação global menor, apesar de alertar para desafios que podem manter elevadas as taxas de juros

Fundo Monetário Internacional (FMI) – Stefani Reynolds/AFP

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou ligeiramente para baixo a previsão de crescimento da economia brasileira para este ano. O organismo multilateral acredita que o Brasil vai crescer menos que o inicialmente previsto por seus economistas em 2024 por causa da tragédia climática no Rio Grande do Sul.


A expectativa é de uma alta de 2,1% em 2024, de acordo com a mais recente edição do Panorama Econômico Mundial, divulgado nesta terça-feira. Em abril, a perspectiva do FMI era de crescimento de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB).




Para 2025, no entanto, o cenário é otimista. O FMI avalia que o Brasil vai crescer mais do que projetava anteriormente — com alta de 2,4% em vez de 2,1% —, refletindo a reconstrução das cidades gaúchas após as enchentes e outros fatores, como a aceleração da transição energética.


Juros elevados por mais tempo

As projeções do FMI para o crescimento global ficaram inalteradas em 3,2% para este ano e subiram de 3,2% para 3,3% em 2025.


O Fundo manteve a sua estimativa para a inflação global em 5,9% neste ano, o que representa queda em relação aos 6,7% do ano passado. Apesar disso, o Fundo alertou para a possibilidade de que países desenvolvidos, como os Estados Unidos, precisem manter a taxa de juros elevada por um tempo maior que o previsto diante da escalada das tensões comerciais e do aumento das incertezas políticas.


A inflação dos serviços também tem se mostrado um empecilho para que o Federal Reserve (Fed) inicie o ciclo de corte de juros.



“A dinâmica da desinflação global está desacelerando, sinalizando solavancos ao longo do caminho. A persistência de uma inflação acima da média no preços dos serviços; o crescimento rápido dos salários, acima da inflação de preços em alguns países, em parte refletindo o resultado das negociações salariais; e o aumento da inflação sequencial nos Estados Unidos atrasaram a política de normalização (dos juros)”, apontou o relatório.



Por conta disso, o FMI reduziu em 0,1 ponto percentual a projeção de crescimento da economia americana, com estimativa de 2,6% para 2024.


O documento ainda detalha o impacto desse cenário nos países emergentes e nas economias em desenvolvimento, que têm suas moedas bastante depreciadas em relação ao dólar.


Devido aos riscos externos, os bancos centrais estão mais cautelosos em relação ao corte nas taxas de juros. No Brasil, por exemplo, o BC optou na última reunião por manter a taxa Selic em 10,5%.



“O arrefecimento gradual dos mercados de trabalho, junto à queda dos preços da energia deverá trazer a inflação global de volta ao objetivo até 2025, mas a inflação deverá permanecer mais elevada e cair mais lentamente nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento do que nas economias avançadas”, estima o FMI.



O relatório ainda ratifica que os desafios fiscais precisam de ser enfrentados de forma mais direta, o que pode liberar recursos para a transição climática ou a segurança nacional energética.




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