Turista morto após suposta picada estudava medicina aos 65 anos

O turista paulista que morreu no último domingo, 14, após supostamente ter sido picado por um animal peçonhento em Morro de São Paulo cinco dias antes, era advogado, jornalista e estava próximo a se formar em medicina, aos 65 anos de idade.

Em entrevista ao Portal A TARDE, o personal trainer Eduardo Rossin, amigo de Cid, contou que o advogado decidiu estudar medicina após uma doença.

“Enquanto ele se recuperava de um infarto, ele decidiu estudar medicina para se formar em médico cardiologista. Estava com excelentes notas e se formaria em 2025. Ele dizia que gostaria de trabalhar como cardiologista, para que jovens e pessoas após 50 anos estivessem fazendo atividade física, para prevenir doenças do coração e evitar o que ele teve”, disse Eduardo. O personal trainer destacou que também é jornalista formado e que conheceu Cid quando ambos trabalhavam na imprensa.

“Conheci o Cid em 2012, trabalhando como comentarista esportivo na TV Com, em Santos, na equipe Radar Esportivo do Paulo Alberto. Eu era produtor do programa. Ali começou nossa amizade”, contou Eduardo, acrescentando que, em 2014, após se formar em educação física, teve Cid como sócio em uma academia.

“Ele foi meu cliente de personal trainer e, dali surgiu a ideia da parceria. Abrimos em 2015, no Helbor Office, que fica no Boqueirão, o Studio Funcional E. Ficamos com o estúdio aberto até 2017, mas continuamos a amizade”, destacou.

Personal trainer Eduardo Rossin era amigo de Cid Penha desde 2012

Personal trainer Eduardo Rossin era amigo de Cid Penha desde 2012 | Foto: Reprodução/Redes sociais

Ainda segundo Eduardo, Cid se emocionava ao falar de sua trajetória na medicina.

“Quando nos encontrávamos para um café, ele se emocionava em dizer que já havia ajudado a realizar mais de 70 partos, durante seu estágio. Já havia me convidado para estar na formatura, em 2025, e tinha planos de abrir uma clínica de cardiologista, na qual fui convidado para atuar como personal trainer”, afirmou o amigo.

Eduardo Rossin, de camiseta branca, com Cid Penha, o outro amigo Marcelino Silva e seu filho

Eduardo Rossin, de camiseta branca, com Cid Penha, o outro amigo Marcelino Silva e seu filho | Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Em declaração emocionada, Eduardo tentou definir quem foi Cid Penha.

Advogado, jornalista, estudante de medicina e amante da vida e de ajudar pessoas. O legado que deixa é que quando se é dedicado aos estudos e tem disciplina para realizar seus sonhos, tudo é possível. Que não importa a sua idade para estar estudando, mudar de profissão e empreender

Eduardo Rossin – Amigo de Cid Penha

“Ele dizia que eu era inspiração para ele, pois entrei na Educação Física aos 42 anos. E ele entrou na medicina com 59. Hoje mantenho meu trabalho de personal trainer tendo o exemplo da dedicação que vi no querido amigo Cid Penha. Sou honrado e muito grato pela amizade, respeito e carinho. E desejo paz em sua nova morada no plano espiritual”, concluiu Eduardo.

O corpo de Cid Penha foi cremado em cerimônia realizada às 18h desta terça-feira, 16, no Memorial Necrópole Ecumênica, na cidade de Santos. Ele deixou dois filhos.

Morte ocorreu após picada de aranha?

Cid Penha teria sido picado por um animal peçonhento na terça-feira, 9, mas voltou ao hotel onde estava hospedado. No dia seguinte, após se sentir mal, procurou atendimento na UPA de Morro de São Paulo, onde teria informado que tinha sido picado por um inseto, mas que não sabia dizer qual.

A primeira versão da história deu conta de que o turista teria sido picado por uma aranha-marrom, no entanto, através de nota, a Santa Casa de Valença, para onde Cid foi encaminhado após ser atendido na UPA de Morro de São Paulo, informou que descartou esta possibilidade após consulta com o Centro de Informações Anti-Envenenamento da Bahia (Ciave).

“A equipe plantonista acionou o Ciave, que indicou ser improvável tratar-se de um acidente aracnídeo por aranha-marrom, devido à sua raridade na região e considerando ainda que o paciente e seus acompanhantes não tinham certeza na indicação do animal. Ressalta-se que essa mesma informação passada pelo CIAVE foi repassada anteriormente para os profissionais de saúde que atenderam o paciente em Morro de São Paulo”, aponta a nota.

Turista morreu no último domingo, 14, em hospital de Santo Antônio de Jesus

Turista morreu no último domingo, 14, em hospital de Santo Antônio de Jesus | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Em entrevista ao Portal A ATARDE, a professora titular do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia e coordenadora do Núcleo de Ofiologia e Animais Peçonhentos da Bahia (NOAP/UFBA), Rejane Lira, afirmou a mesma coisa que o Ciave.

“Quase impossível ter sido este tipo de aranha”, disse a especialista.

Ainda segundo a Santa Casa de Valença, por Cid ser cardiopata e ter plano de saúde, foi buscada a transferência dele para o Instituto de Cardiologia do Recôncavo (Incar), em Santo Antônio de Jesus, para continuidade do tratamento.

“Ressaltamos ainda que ele estava consciente e apenas com queixa de dor na perna”, destacou a nota da Santa Casa de Valença.

Também através de nota, o Incar informou que “em cumprimento à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), não divulga dados sensíveis referentes aos atendimentos dos pacientes. Todas as informações pertinentes são transmitidas diretamente aos familiares dos mesmos”.

Relembre o caso

Cid Penha durante atendimento em hospital

Cid Penha durante atendimento em hospital | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um turista de São Paulo morreu no domingo, 14, supostamente após ser picado por um animal peçonhento, em um restaurante de Morro de São Paulo, na terça-feira, 9. Ele chegou a ficar cinco dias internado, mas não resistiu.

Segundo o secretário de Turismo de Cairu, o turista começou a se sentir mal um dia depois de ter ido ao restaurante e procurou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento de Morro de São Paulo.

Posteriormente, ele foi levado à Santa Casa de Valença, cidade do baixo-sul, próxima a Morro de São Paulo e, de lá, foi transferido ao Instituto de Cardiologia do Recôncavo (Incar), em Santo Antônio de Jesus, onde morreu.





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