Carlos Bolsonaro surta com quebra de sigilo fiscal: “fofoca de imprensa”
Durante as investigações sobre a “Abin paralela”, a Polícia Federal descobriu que o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) teria uma conta bancária nos Estados Unidos que não foi declarada. Caso seja confirmado, a prática pode configurar o crime de evasão de divisas.
Segundo a coluna da jornalista Bela Megale no jornal O Globo, a PF pretende agora pedir a quebra de sigilo fiscal de Carlos Bolsonaro. De acordo com o relatório da PF sobre o inquérito da “Abin paralela”, o vereador escreveu, em 11 de dezembro de 2023, uma carta em inglês ao Truist Bank, na Flórida, solicitando ajuda para receber um cheque emitido pela instituição.
O vereador Carlos Bolsonaro se pronunciou sobre o caso nesta terça-feira (16) por meio de suas redes sociais. Com a sua linguagem única, o parlamentar afirmou que tudo não passa de “uma fofoca de imprensa para criar mais uma narrativa”.
“Eu mesmo já declarei publicamente há cerca de 2 anos atrás que o Banco do Brasil encerrou minha conta nos EUA assim que colocaram Lula no poder e a guerra continuou com as mudanças de bancos com menos de $15.000 na época, até o momento em que desisti de colocar parte de meus ganhos lá e paguei o imposto duplicado novamente para voltar à minha conta no Brasil”, inicia Carlos Bolsonaro.
Em seguida, Carlos Bolsonaro afirma não acreditar que isso seja “trabalho de uma Polícia Federal, mas uma fofoca de imprensa para criar mais uma narrativa. Seguimos na democracia inabalável e pujante”.
Entenda o caso da “Abin Paralela”
A Polícia Federal investiga a chamada “Abin Paralela”, um esquema suspeito de utilizar a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal e monitoramento político durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. As investigações foram desencadeadas após denúncias de que a Abin teria sido instrumentalizada para fins políticos e de espionagem pessoal.
As investigações começaram em 2023, no âmbito das operações “Última Milha” e “Vigilância Aproximada”. A PF descobriu que a Abin utilizou um software espião chamado First Mile, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, para monitorar ilegalmente diversas pessoas, incluindo políticos, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outras figuras públicas.
A principal acusação é que a Abin foi utilizada para proteger aliados do governo Bolsonaro e monitorar adversários políticos. Entre os monitorados estavam o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a ex-deputada Joice Hasselmann, e os ministros do STF, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. Além disso, foi identificado que a promotora do caso Marielle Franco também foi alvo de monitoramento ilegal.
Até o momento, dois agentes da Abin foram presos e cinco dirigentes da agência foram afastados. Alexandre Ramagem, que foi diretor da Abin durante a gestão Bolsonaro e é próximo da família do ex-presidente, está entre os principais investigados. Ramagem teria coordenado a utilização do software espião para fins ilícitos e chegou a ser alvo de busca e apreensão da PF. Mandados de busca e apreensão também foram realizados em propriedades ligadas a Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente.
A investigação da PF revelou mais de 60 mil consultas feitas pelo software First Mile, muitas delas durante o período eleitoral de 2020. Essa quantidade significativa de consultas levanta suspeitas sobre o uso da Abin para influenciar processos políticos e eleitorais, intensificando as preocupações sobre a integridade das instituições democráticas durante o governo Bolsonaro.
Carlos Bolsonaro desesperado
Em junho deste ano, Carlos Bolsonaro demonstrou desespero diante da informação de que a Polícia Federal (PF) vai negociar acordos de delações premiadas com investigados no inquérito da “Abin Paralela”.
Através das redes sociais, Carluxo, como é conhecido o filho de Jair Bolsonaro, publicou uma captura de tela de uma matéria da CNN Brasil sobre o assunto destacando a possibilidade de delações no inquérito, que se aproxima de sua conclusão.
“Vamos lá, Polícia Federal. A gente sabe como o setor de inteligência trabalha muito, a se ver pela conclusão da tentativa de assassinato do meu pai. Serviu pra alguma coisa as buscas e apreensões em todo meu universo ou foi só o computador da Daniella Lima que acharam na minha casa? Qualquer um sabe que vem mais maldade direcionada por aí. Vamo democracia inabalável”, escreveu o vereador.
“Pegamos ele”, teria dito um dos investigadores da PF à coluna Radar, na revista Veja, em referência a Carlos Bolsonaro. De acordo com investigadores, “as coisas se conectam: Abin Paralela e milícias digitais”. Filho “02” de Bolsonaro e suposto comandante do chamada Gabinete do Ódio, Carlos Bolsonaro é investigado nos dois inquéritos.
Delações
Em junho, durante café da manhã com jornalistas na sede da Polícia Federal em Brasília, o diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues, informou que o inquérito sobre a “Abin Paralela” está caminhando para sua conclusão e que, neste momento, tenta negociar delações premiadas com investigados.
“Em julho, agosto, a gente conclui o inquérito. Tem diligências finais, tem a possibilidade de colaborações de investigados e que está em fase de discussão interna com os possíveis colaboradores, e análise de material”, revelou Rodrigues.
Publicar comentário