Fenômeno El Niño deve continuar com intensidade forte nos próximos três meses — Agência Gov

Boletim climático da ANA ainda aponta que há possibilidade da formação do La Niña no segundo semestre deste ano

 

A nova edição do boletim Painel El Niño 2023-2024 já está disponível no site da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). A publicação atualiza mensalmente as informações sobre o monitoramento, previsões e impactos do fenômeno climático El Niño no Brasil. Segundo o informe, as previsões dos modelos climáticos indicam a continuidade da manifestação do fenômeno El Niño com intensidade forte nos próximos três meses e permanência até pelo menos abril.

De acordo com as projeções do International Research Institute for Climate and Society (IRI), as anomalias de temperatura da superfície do mar atingirão a neutralidade no outono, com possibilidade da formação do fenômeno La Niña no segundo semestre deste ano.

O La Niña, ao contrário do El Niño, é um fenômeno que consiste no resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico e é responsável tanto por chuvas fortes no Norte e Nordeste do Brasil quanto por secas no Sul. O boletim é produzido em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (CENAD).

Essa edição do boletim destaca que durante o mês de dezembro de 2023 as anomalias de chuva – que são a diferença entre a precipitação ocorrida e a média esperada – diminuíram em relação ao mês anterior com valores entre 50 e 100 mm acima da média histórica. Considerando-se a previsão de anomalia de chuva para o período de 31 de janeiro a 29 de fevereiro, há indicação de condições mais úmidas do que o normal entre o centro e leste do País, entre parte de Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e parte de São Paulo. Para grande parte das demais regiões do Brasil, a previsão indica o predomínio de condições mais secas do que o normal.

Em relação à previsão do armazenamento de água no solo para janeiro, o Painel El Niño 2023-2024 informa que as chuvas observadas em dezembro de 2023 e janeiro de 2024 contribuíram para a elevação nos níveis de umidade no solo em grande parte do Brasil, principalmente no sul da região Norte, assim como em áreas da região central do País. Em grande parte da região Sul, o prognóstico é de elevados níveis de umidade.

Conforme a publicação, a previsão climática para o Brasil em fevereiro, março e abril indica maior probabilidade de chuva abaixo do normal em parte da porção central e Norte do Brasil. Já em áreas do Centro-Sul e Noroeste, a previsão indica maior probabilidade de chuva acima do normal.

O Painel também aborda a situação e os impactos sobre os recursos hídricos, como as condições de seca em todo o País, retratada pelo Monitor de Secas . A ferramenta da ANA indicou áreas com seca grave e extrema no Norte e no Nordeste de novembro para dezembro, com destaque para o surgimento de áreas com seca excepcional no sul de Rondônia e oeste de Mato Grosso. No Nordeste aumentaram as áreas com seca grave, atingindo o oeste da Bahia e o sul do Piauí, além do surgimento de uma área com seca extrema no centro-sul baiano. Pela primeira vez, o Mapa do Monitor mostra a situação no Amapá, com áreas em situação de seca fraca ao sul e ao norte do seu território.

No Sul, houve diminuição das ocorrências de níveis d’água de alerta e inundação em relação ao mês anterior. Já na região Norte, as vazões continuam em elevação nos afluentes do rio Amazonas, resultando até em cotas de atenção e alerta em alguns pontos do Acre, mas permanecendo a situação de estiagem na bacia do rio Branco. Por sua vez, na bacia do rio Paraguai, formadora do Pantanal, ainda persiste a situação de estiagem na porção sul da bacia hidrográfica.

No rio Madeira, as vazões naturais em Porto Velho (RO), em janeiro, permanecem baixas para o período, sendo 63% da média do mês na hidrelétrica de Jirau e 62% na usina de Santo Antônio. As vazões naturais nas hidrelétricas Serra da Mesa (GO) e Tucuruí (PA), no rio Tocantins, estão respectivamente 15% e 61% abaixo da média para o mês.

O armazenamento nos reservatórios do Sistema Interligado Nacional (SIN) aumentou de 55,1% para 57,3%. Além disso, os reservatórios da bacia do rio São Francisco operam em situação de atenção, com limitação dos volumes máximos liberados. Os principais reservatórios do Nordeste ficaram praticamente estáveis, atingindo volume equivalente de 41,2%, com dez reservatórios regulados pela ANA em situação crítica.

O Painel El Niño 2023-2024 é disponibilizado mensalmente em https://www.gov.br/ana/pt-br/sala-de-situacao/todos-os-boletins-mensais-1/todos-os-boletins-mensais/todos-os-boletins-mensais com as informações mais atualizadas acerca do fenômeno para, assim, apoiar os órgãos federais e estaduais na tomada de decisões. O documento é resultado do trabalho realizado em parceria pelos órgãos nacionais responsáveis pelo monitoramento, regulação do uso das águas, gestão de riscos e previsão do clima e tempo.

El Niño

O El Niño é um fenômeno climático caracterizado pelo aquecimento da superfície do Oceano Pacífico e alteração nos padrões de circulação atmosférica em todo o planeta. Desde junho de 2023, as condições de temperatura da superfície do mar mostram um padrão típico do fenômeno, com uma faixa de águas quentes em grande parte do Oceano Pacífico equatorial. De acordo com o boletim, o El Niño atual possui intensidade forte.

Plano de Contingência

Tendo em vista os impactos do El Niño sobre os recursos hídricos e usos múltiplos das águas, a ANA elaborou um Plano de Contingência, aprovado pela Diretoria Colegiada em junho de 2023. As medidas que já foram implementadas são a instalação as Salas de Crise das Regiões Norte e Nordeste. Além disso, foi dada continuidade à Sala de Crise da Região Sul. As reuniões envolvem a participação de diversas instituições envolvidas na gestão de recursos hídricos e riscos de desastres e são transmitidas simultaneamente pelo canal da ANA no YouTube .

Por: Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
Edição: Yara Aquino



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