O presente da vida


A Bahia comemora o crescimento de 24% no número de doação de órgãos no primeiro semestre deste ano, no comparativo com igual período de 2023, embora tenha subido também o percentual de pessoas na fila em busca de um transplante, batendo em 17%.Fez efeito todo o esforço da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia, ao buscar conscientizar as famílias da importância de praticar solidariedade, quando convergem os interesses, pois salvar vidas é atitude dignificante.Não se pode celebrar, no entanto, “in totum”, o cenário alvissareiro, pois ainda é muito alto o quantitativo de negação por parte dos parentes, aos quais cabe a autorização definitiva: seis entre cada dez possíveis ofertas são rejeitadas.É compreensível o cálculo preciso de 61% de “nãos”, em uma sociedade dominada pela escolha hegemônica da mecânica de mercado, desprovida de virtudes, mas vale também como desafio para vencer esta grande dificuldade.Também incide no resultado o inegável subletramento de setores numerosos da população, impactados pelas cantilenas de dizimistas, ficando mal-assombrados pelo receio de o familiar enfrentar dificuldades “post-mortem”.Em sentido oposto, é preciso ampliar a disseminação de conteúdos de raiz iluminista, tomando como categórico o imperativo de fazer o bem sem visar benefício ou vantagem em troca, apenas pela alegria da iniciativa generosa.Um dos fortes argumentos está organicamente relacionado ao valor moral da compaixão, o mais elevado do estatuto humano, adicionado o fato de a pessoa, antes de vir a óbito, sequer saber a quem deixará a oportunidade de sobrevida.Outro importante aspecto para fazer valer a adesão é produzir e defender um contexto de máxima empatia, o esforço de colocar-se no lugar do outro em situação de necessidade e, assim, deixar tudo encaminhado.Cabe o bordão “a luta continua”, na busca por persuadir os resistentes ao gesto altaneiro, capaz de garantir novos rins, córneas, fígados e até pele, o maior órgão do corpo humano.



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