‘A questão foi como transformar em literatura, e não fazer um livro de fofoca’, diz escritora | Cultura

Livro ‘Melhor não contar’, de Tatiana Salem Levy Reprodução

A escritora Tatiana Salem Levy, autora do livro “Melhor Não Contar”, foi entrevista pela CBN nesta terça-feira (23). Em conversa com os âncoras Tatiana Vasconcellos e Fernando Andrade, Levy fala sobre a obra, que narra temas, como o abuso do padrasto e o descaso do companheiro durante um aborto. A escrita de diários por mulheres, desde a infância, algo não tão comum entre os homens, também é debatida no livro. Ouça a entrevista completa!

Your browser doesn’t support HTML5 audio

Tatiana explica que a ideia do livro surgiu a partir de escritos da mãe e do imaginário na sociedade em torno do significado de presentear mulheres com diários.

“Os diários da minha mãe acabaram se tornando meus, porque eu me identificava muito com ela, de questões subjetivas existenciais que eu acho que eram muito parecidas. Eu decidi escrever um livro sobre a memória desses diários. Comecei a pensar… como nós, mulheres, começamos a escrever sempre a partir desses diários, desde muito pequenas, diários com cadeado. Tem essa coisa de você escrever para não ser lida. Você conta para ele coisas que você não conta nem para a sua melhor amiga. E você tranca porque você tem que guardar tudo em segredo. Essa ideia de que a escrita da mulher está muito associada a esse sussurro”, diz.

A autora compartilha no livro passagens íntimas de sua vida, como um caso de abuso na família e uma gravidez interrompida, e lembra o processo de escrita.

“Foi sobretudo o como contar mais do que contar. Fui decidindo enquanto eu escrevia que eu queria contar tudo, porque na verdade a gente passa a vida ouvindo que a gente não deve contar tudo. Mas contar tudo não é contar a minha vida inteira. Não é colocar nenhum tipo de freio de me dizer isso. Foi algo que eu ouvi muitas vezes na vida. A questão para mim é sempre como contar como transformar isso em literatura e não fazer desse livro um livro de fofoca”, lembra.

Tatiana Salem destaca , ainda, que escrever “Melhor não contar” ajudou na superação do luto pelas histórias subjetivas e delicadas.

“Escrever sem dúvida tem um lado terapêutico não necessariamente de cura, mas tem um lado de dar um sentido para as coisas e processar, transformar o que você viveu em palavras. Você vai criando uma narrativa e uma representação”, explica.



Mais recente


Próxima
‘Alibi’ e ‘São Amores’: Olimpíada de Paris já ferve com hits de Pabllo Vittar



Source link

Publicar comentário