Admirável brasileira
A produção de conhecimento confiável; o senso de justiça para acolher pacientes de HIV sem amparo na mecânica de mercado; a prudência em avançar na luta pela saúde, apenas quando é possível, passo a passo; e a coragem no enfrentamento de uma doença letal: a Aids.
Eis os quatro predicados ditos da infectologista e pesquisadora brasileira Beatriz Grinsztejn, justificando a indicação como primeira mulher latino-americana a presidir a International Aids Society (IAS), entidade criada para congregar os profissionais especializados.
A cientista servidora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, o INI/Fiocruz, representa a capacidade do Brasil no tratamento e prevenção do vírus, fazendo do gigante sul-americano uma referência mundial no tema, admirado até pelas superpotências.
Não apenas pelos cuidados na elaboração de testes e preparo dos medicamentos: o país dá exemplo de como se trata de gente, graças ao acesso universal e gratuito viabilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), apesar dos ataques de “lobistas” da medicina lucrativa.
Ao alcançar o topo da hierarquia no trabalho de investigação dos efeitos e causas da enfermidade, a médica vai atrair a atenção de todo o planeta para as boas práticas brasileiras, em um exercício de reconhecimento multiplicador das rotinas ambulatoriais e hospitalares.
As táticas vitoriosas de lidar com as pessoas soropositivas, se bem copiadas, poderão ajudar a mudar o panorama capaz de enrubescer os gestores de outros países se estiverem comprometidos em salvar vidas, pois os números são acachapantes.
Inadmissível prestes a completar-se o primeiro quartel do século XXI a proporção de uma morte por minuto em consequência da Aids, em um mundo de quase 40 milhões de infectados, dos quais mais de 9 milhões não recebem tratamento adequado na Ásia e na África.
A estatística assinala o clamoroso impedimento do contraste de um punhado de nações enriquecidas, graças ao empobrecimento de populações expostas às epidemias desde os anos 1980.
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