Sílvio Santos sempre teve estreita relação com a ditadura

Bolsonaro tinha estreita relação com Sílvio Santos, que chegou a recriar a “Semana do Presidente” exibida durante a ditadura –

O apresentador Sílvio Santos, falecido neste sábado, 17, teve uma relação estreita com a ditadura militar (1964-1985) e deve aos governos militares grande parte do seu sucesso empresarial.

Foi graças ao presidente João Figueiredo, último presidente militar, que ele conseguiu criar o SBT e, mesmo em tempos de democracia, o comunicador e empresário sempre esteve aliado às forças mais à direita do espectro político.

No governo Bolsonaro, recebeu tratamento especial e não mediu esforços para blindar o aliado. Quando o Ministério das Comunicações foi recriado, Fábio Faria, genro de Súilvio Santos, foi o escolhido para a pasta.

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Relações com os militares

O SBT foi criado em 1981. A relação entre Sílvio Santos e seu antigo colega da Escola de Paraquedistas, Délio Jardim de Matos, então Ministro da Aeronáutica do governo militar de João Figueiredo, foi decisiva. “Figueiredo me deu a televisão”, admitiu o apresentador, em programa veiculado em 2018.

Silvio Santos também comprou em 1972, 70 mil hectares de terras em Barra do Garças (MT), na região do Araguaia, durante o governo do ditador Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), um dos mais violentos daquele período. Na época, quem governava o Mato Grosso era o pecuarista José Fragelli, da Arena, partido de sustentação do regime.

No governo Figueiredo, o SBT exibia a “Semana do Presidente”, quadro semanal que exaltava as realizações do regime militar. Em fevereiro de 2020, durante o governo Bolsonaro, Silvio Santos decidiu recriar o programa, mas voltou atrás após críticas por seu caráter “bajulatório”.

Em 2018, no contexto da eleição de Bolsonaro, quando o SBT passou a exibir vinhetas com as cores da bandeira brasileira nos intervalos comerciais da sua programação. Uma delas continha o slogan da ditadura, “Brasil, ame-o ou deixe-o”, marca do governo do general Médici. A vinheta causou indignação e foi retirada do ar no mesmo dia.

Censura

Quando o STF derrubou o sigilo do vídeo da reunião ministerial de Bolsonaro, o SBT suspendeu a exibição do seu telejornal. O vídeo continha frases como “passar a boiada” e “botar os vagabundos do STF na cadeia” ditas respectivamente pelos ministros Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Abraham Weintraub, da Educação.

O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) repudiou. “O episódio é mais um de uma série de intervenções no jornalismo do ‘dono’ do SBT, Sílvio Santos, que solenemente ignora o fato de que se trata de uma concessão pública, o que, legalmente, o obrigaria a cumprir uma série de requisitos impedindo que a TV fosse usada em benefício de interesses políticos particulares”, disse a entidade em nota.





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