Conferência da Diáspora em Salvador promove debates sobre memória e ancestralidade
Evento reuniu ministros do Governo Federal do Brasil e do Togo –
Berço africano no Brasil, a cidade de São Salvador é o palco da Conferência da Diáspora Africana nas Américas, iniciada nesta quinta-feira, 29, e que objetiva discutir propostas sobre pan-africanismo, memória, restituição, reparação e reconstrução.
O evento, que é promovido pelos governos do Togo, Brasil e Bahia, com apoio da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e do Instituto Brasil-África, terá programação até o domingo, 31 e contou com a presença de diversos ministros do Governo Federal, a exemplo da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, da ministra da Cultura, Margareth Menezes e do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida.
Outras autoridades como o ministro das Relações Exteriores do Togo, Robert Dussey e a secretária de Promoção da Igualdade Racial da Bahia, Ângela Guimarães, também estiveram presentes na mesa de abertura do evento, que vai até o próximo sábado, 31, e terá transmissão online de toda sua programação.
Ministro das Relações Exteriores do Togo, Robert Dussey
Responsável pelo primeiro discurso, o ministro Sílvio Almeida abriu a conferência falando da improtância de se promover o que chamou de “reconexão” entre o Brasil e o continente africano, tanto do ponto de vista institucional como também cultural e econômico.
Ministro Sílvio de Almeida discursa no evento
“Esta conferência é um marco em nossa trajetória por uma sociedade mais justa e igualitária. Estamos aqui para avançar em políticas concretas de reparação histórica e justiça social. A noção de diáspora africana está diretamente ligada à memória do colonialismo, da escravidão e do tráfico transatlântico de pessoas escravizadas, mas tudo isso pode e precisa ser ressignificado. O Atlântico Negro é um lugar de encontros, de trocas de experiências, de sofrimento, mas também de tecnologia da felicidade, de tecnologia do futuro”, pontuou.
“Precisamos caminhar por uma nova governança global. Não haverá democracia real sem a participação dos países da diáspor “.
Diáspora africana
Termo utilizado para caracterizar a migração forçada de milhões de africanos na época escravocrata e colonial entre os séculos XVI e XIX, a Diáspora Africana resultou na formação de comunidades afrodescendentes nas Américas, Europa e outras regiões.
No Brasil, esse movimento resultou na população afrodescendente fora da África, com 55,5% da população se identificando como preta ou parda, segundo o Censo Demográfico 2022 do IBGE.
Para a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a realização desse evento em Salvador e a discussão da Diáspora em um nível institucional, é um elemento estratégico para fortalecer as políticas afirmativas.
“A cultura atua como ponte de aproximação e como ferramenta de enfrentamento a desafios comuns em nossos países, como a discriminação, racismo, a desigualdade e a miséria. A cultura é nosso maior ativo para recuperação e reafirmação da dignidade de nossos povos. Essa conferência é um apontamento de que podemos encontrar soluções pan-africanas para nossos desafios e problemas comuns, porque a nossa união é uma de nossas maiores forças”, disse a ministra em seu discurso.
Endossando a fala dos seus pares, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, pontuou a importância de honrar a memória e luta daqueles que foram forçados a deixar o continente africano e enfatizou que o movimento negro no Brasil busque sempre entender as suas raízes para auxiliar na construção de uma sociedade mais justa.
“A importância da recriação do Ministério da Igualdade Racial está em saber de onde a gente veio para que a gente possa dar continuidade e entender onde quer chegar. Esse é o encontro que busca fortalecer as raízes africanas mundo afora e estabelecer um ângulo de diálogo entre representantes do Estado e da sociedade civil dos países da União Africana e das Américas”.
Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco
A participação na programação da Conferência da Diáspora, que vai até o sábado, é limitada a participantes convidados da União Africana e das Américas, mas pode ser acompanhada através das redes sociais do Ministério da Igualdade Racial, do Ministério dos Direitos Humanos e da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi).
Especialistas, pesquisadores, personalidades culturais e representantes de movimentos sociais, além de setores público e privado, irão participar dos três dias do evento, que é visto como uma das etapas preparatórias para o 9º Congresso Pan-Africano, que ocorrerá no Togo de 29 de outubro a 2 de novembro de 2024 e terá a “Renovação do Pan-Africanismo e o Papel da África na Governança Global: Mobilizar Recursos e Reinventar-se para Agir” como tema.
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