Treinador impune

Depois de atacar os indígenas, o treinador português do Palmeiras, Abel Ferreira, mirou sua tacanhez contra as mulheres, no entanto segue impune, sem o clube e as instituições republicanas do Brasil acionarem o futebolista despreparado para a cidadania.

A ofensa aos povos originários veio em comparação infeliz, afirmando não ser um “time de índios” o Onze da agremiação paulista criada pela colônia italiana e dona do maior tesouro de títulos nacionais.

A metáfora insinuava o fato de sua equipe ter organização tática, esquecendo-se o “gajo”, provavelmente, de ter sido o seu povo autor de um dos maiores genocídios já perpetrados, na ocupação militar do território onde ficavam os aldeamentos em 1500.

Já o ódio à mulher (misoginia) veio à tona ao ser perguntado por uma repórter sobre o desempenho de um de seus atletas, reagindo o destemperado técnico com resposta tão tola quanto revestida de uma estupidez inaceitável.

Disse Abel ter o dever de dar satisfações apenas a sua mãe, à esposa e à presidente do Palmeiras, menosprezando a jornalista no cumprimento de sua obrigação profissional, em viés de gênero tipificado como violência por assédio moral.

Em ambos os constrangedores episódios, o agressor veio logo em seguida escrever notas de desculpas, embora o mal já tivesse causado a proporcional indignação por parte da cidadania engajada.

Ora, fazer justiça vem do verbo ajustar, revelando o autor um perfil “desajustado”, exigindo providências imediatas a quem de direito, sob pena de o Brasil virar chacota, dois séculos depois de ter se libertado dos verdugos compatriotas deste senhor fora da órbita democrática esperada para alguém de seu posto de liderança.

O caso implica repensar a formatação das coletivas de imprensa após os jogos, sugerindo-se à CBF e às associações de cronistas um maior empenho a fim de evitar comportamentos inadequados, tendo registros frequentes, sem controle dos ímpetos de quem não tem maturidade para atender à imprensa de acordo com os padrões civilizatórios.





Source link

Publicar comentário