Cultivo de florestas contribui para o combate às mudanças climáticas
As árvores removem e estocam carbono, evitando emissões –
Hoje, 17 de julho, o Brasil comemora o Dia de Proteção às Florestas, proclamado em 2012, pela Assembleia Geral das Nações Unidas, para celebrar a importância da preservação das matas nacionais e internacionais. O setor da base florestal é considerado um contribuinte essencial no exercício das práticas sustentáveis, tendo as florestas um papel fundamental na mitigação da mudança climática. Isso porque as árvores removem e estocam carbono e evitam emissões ao prover produtos e serviços de origem renovável em detrimento aos de origem fóssil ou não renovável, contribuindo, assim, para o equilíbrio climático.
Cerca de 20% das espécies do planeta Terra vivem no Brasil, em especial na Floresta Amazônica. Além de contribuir com a mitigação de mudanças climáticas pelo sequestro de carbono; preservação das matas nativas; regulação do fluxo hídrico; conservação do solo; e manutenção da biodiversidade, o setor florestal proporciona outros serviços ambientais fundamentais para a produção agrícola e a qualidade de vida, como fornecimento de alimentos e medicamentos e controle de erosões, além de desempenhar funções sociais e econômicas importantes aos seres humanos, contribuindo com oportunidades de geração de emprego e renda, como acentuam os especialistas.
O diretor-executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (Abaf), Wilson Andrade, afirma que o setor de base florestal na Bahia, incluindo plantios de árvores e áreas preservadas, sequestra algo em torno de 363 milhões de toneladas de carbono. Para o empresário e representante da entidade, existe ainda outro importante benefício climático gerado pelo setor. “O uso de produtos de base florestal também pode evitar ou minimizar o uso de produtos baseados em fontes fósseis ou não renováveis, evitando emissões ao longo de diversas cadeias produtivas”. Além disso, enfatiza, “os produtos de base florestal mantêm o carbono estocado ao longo de sua vida útil”.
Ele ressalta, ainda, que a indústria brasileira de árvores plantadas possui grande potencial de contribuição no combate à mudança do clima. “Porém, o seu desenvolvimento e a sua ajuda dependem da demanda efetiva, da valorização de fato de produtos florestais renováveis e da superação de diversas barreiras. A construção de políticas públicas e de mecanismos de mercado de carbono capazes de internalizar e de valorizar economicamente os benefícios climáticos são, portanto, fundamentais para a inserção adequada do setor em uma nova economia global de baixo carbono”, pontua.
De acordo com dados da Abaf, a Bahia possui 700 mil hectares de florestas plantadas, ocupando o quarto lugar no ranking nacional de cultivo deste gênero, tendo mais de 500 mil hectares da área nativa preservada. As associadas da entidade são responsáveis por 74% do total plantado no estado, desempenhando papel importante na preservação do meio ambiente. Os setores de produtos florestais têm função, sobretudo, nas questões climáticas devido à contribuição para a preservação florestal e ao armazenamento de carbono em produtos. Ainda conforme a entidade, a madeira, além de atender a vários setores da economia, contribui para a limpeza da camada de ozônio, evitando catástrofes ambientais.
Os polos baianos de produção do setor estão no Sul e Extremo Sul, Sudoeste, Oeste e Litoral Norte. As florestas plantadas na Bahia representam 1,2% da extensão territorial do estado, mas são responsáveis por 98% da produção de madeira para a indústria. A produtividade média das florestas de eucalipto, por exemplo, atingiu 30 metros cúbicos por hectare, “o que reflete a eficiência e o manejo sustentável adotado pelos produtores florestais”, conforme a Abaf. Outro registro importante da entidade é que a indústria de base florestal é responsável por 6% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual e por 5% do total de impostos arrecadados pelos cofres públicos baianos, em 2022.
Compromisso com o clima
Idealizado em 2018, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), com o objetivo de aumentar a área produtiva de árvores cultivadas para fins comerciais, o Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas (PNDF) possui sinergia especialmente com o Plano de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (ABC+), da própria pasta, tendo como público-alvo proprietários rurais, empresários, governos, investidores e organizações da sociedade civil, em torno de uma política de abordagem inclusiva para impulsionar a bioeconomia florestal em todos os biomas brasileiros. O propósito do PNDF é estimular as novas formas de plantar, manejar, colher e utilizar florestas plantadas de forma a promover a aliança entre a remoção e a fixação de carbono e a produtividade e multiplicidade dos usos da madeira, gerando em consequência uma extensa área de vegetação recuperada e reflorestada, conforme o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
A Indústria Brasileira de Árvores (Iba) representa um setor de base 100% renovável, cujo potencial de redução dos efeitos das mudanças climáticas é diretamente proporcional à capacidade de criação e aproveitamento de mecanismos de mercado de carbono e às políticas públicas integradas e coordenadas. Sendo assim, a Abaf destaca “a importância de se integrar as políticas públicas relacionadas ao setor com a Política Nacional de Mudança do Clima (PNMC) e o aproveitamento pleno dos meios de implementação gerados em nível internacional, em especial no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e do Acordo de Paris, resultante da COP21”. No Brasil, o setor de florestas plantadas tem, hoje, 7,8 milhões de hectares de plantações com finalidade comercial e para cada hectare plantado com árvores para fins industriais, 0,7 hectare foi destinado à conservação.
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