Brasil é referência mundial no descarte de defensivos agrícolas



Os agricultores baianos destinaram corretamente 3.895 toneladas de embalagens vazias ao sistema de defensivos agrícolas em 2023, segundo dados do Sistema Campo Limpo, projeto do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEv). Este número representa um aumento de mais de 200 toneladas em relação a 2022, quando foram registradas cerca de 3.662 toneladas descartadas da maneira correta.

O Sistema Campo Limpo é dedicado é um núcleo de inteligência que auxilia agricultores, fabricantes de defensivos agrícolas e revendedores a cumprirem sua obrigação legal de descartarem corretamente as embalagens de agrotóxicos, estabelecida pela Lei Federal 14.785/23 e pelo Decreto Federal 4.074/02. Criado em 2002, o projeto conta com 416 centros de recebimentos espalhados por 26 estados brasileiros, onde as embalagens são coletadas, inspecionadas e encaminhadas para reciclagem ou descarte seguro.

O Brasil é referência mundial no tratamento correto destes materiais – segundo o inpEV, 97% das embalagens comercializadas em território nacional são recicladas, e apenas 3% são incineradas. Porém, nem sempre foi assim: segundo o Ministério do Meio Ambiente, em 1999, 50% das embalagens vazias foram doadas ou vendidas sem controle, 25% foram queimadas a céu aberto, 10% foram armazenadas ao relento e 15% foram abandonadas.

“Desde o início das nossas operações, já foram destinadas mais de 750 mil toneladas desses materiais. Esse volume equivale a mais de 600 vezes o peso do Cristo Redentor. Só no ano passado, atingimos a marca de 53,2 mil toneladas”, relata Marcelo Nakamura, presidente do inpEV.

Eneas Porto, gerente de sustentabilidade da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA) afirma que os agricultores estão cada vez mais engajados com o programa. “Esse é um resultado de um trabalho de muito tempo, não só de engajamento, mas também de conscientização com relação à importância do descarte correto destas embalagens”, comenta.

Ainda segundo ele, cerca de 98% das embalagens de defensivos agrícolas são devolvidas adequadamente no oeste baiano “Os agricultores da região oeste da Bahia são referência nacional e mundial em devolução correta das embalagens de defensivos. Isso faz com que a região ganhe notoriedade no quesito de sustentabilidade”, relata.

VEJA TAMBÉM:

>>>Cálculo de joias sauditas alcança R$ 7,4 milhões com nova perícia

>>>Bolsonaristas vão à Paulista e grito em apoio a Trump chama a atenção

>>>Saiba quando o Bahia descobrirá rival das oitavas da Copa do Brasil

Sistema na Bahia

Na Bahia, há 12 unidades do Sistema Campo Limpo distribuídas entre os municípios de Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Conceição do Jacuípe, Correntina, Formosa do Rio Preto, Ilhéus, São Desidério, Teixeira de Freitas e Vitória da Conquista.

De acordo com Vinícios Videira, diretor de defesa sanitária vegetal da Agência De Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB), os agricultores podem devolver as embalagens em até um ano após a compra, no local de devolução indicado na nota fiscal do produto. “Quando o agricultor adquire o produto, ele também assume o compromisso de devolvê-lo. Então, ele faz contato com a loja que lhe vendeu o produto, e essa loja tem vínculo com uma central ou com posto de recolhimento”. Centros de coleta itinerantes também visitam regularmente produtores que moram em comunidades rurais mais isoladas.

Tríplice lavagem

Antes de devolver a embalagem, o produtor rural é obrigado por lei a esvaziá-la e enxaguá-la três vezes, método conhecido como tríplice lavagem. Na primeira etapa, é necessário esvaziar completamente a embalagem e, em seguida, enchê-la com água limpa até um quarto de sua capacidade. Depois disso, a embalagem deve ser agitada vigorosamente por cerca de 30 segundos para garantir que todos os resíduos químicos sejam removidos. O líquido resultante deste processo deve ser pulverizado na lavoura. Esse processo deve ser repetido mais duas ou três vezes, totalizando três enxagues completos. Por fim, é necessário perfurar o fundo da embalagem para que ela se torne inutilizável.

Videira aponta que descumprir estes processos pode ser responsabilizado criminalmente. “Aí tem várias infrações, inclusive crime ambiental. Temos uma parceria forte com o Ministério Público, fazemos fiscalizações preventivas em propriedades. Infelizmente, em algumas situações, ainda detectamos que existem agricultores que fazem um descarte inadequado ou reutilizam a embalagem de agrotóxico. Aí, eles acabam sendo multados pela ADAB”, comenta.

O descarte inadequado de agrotóxicos pode causar sérios problemas de saúde a humanos e animais, além de contaminar o ar, o solo e reservas hídricas nas proximidades.

Porém, Eneas acredita que os agricultores baianos já estão cientes destes riscos. “A meta é que 100% destas embalagens sejam destinadas de forma correta. Estamos muito próximos de conseguir isso, mas depende também de adequação, fiscalização e conscientização”, relata.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló





Source link

Publicar comentário